Diário
de bordo
Os
fatos aqui registrados tratam-se de experiências acadêmicas nos variados
componentes, com enfoque no CC Experiência do Sensível.
Dia 13 de Julho de 2017
A 1ª aula do componente. Foi algo
bem dinâmico, sentamos em círculo, nos apresentamos e fomos apresentados ao CC.
Foi bem difícil entender, de cara, a proposta do componente, tanto é que, ao
perguntar aos discentes, qual era as perspectivas sobre o que íamos estudar, a
professora Gabriela nem manifestou espanto ao saber que, para maioria da turma,
não tinha uma mínima ideia do que fosse. O não estranhamento da parte dela,
pode ser justificado pelo seguinte motivo, ela também não entendeu de cara o
componente. A aula seguiu, como já falado, dinâmica, participamos de uma
atividade que envolvia perguntas óbvias que, ao serem colocadas dentro de
certas perspectivas, tornavam-se temas delicados. A minha pergunta não foi tão
difícil de ser respondida, “como você explicaria a uma criança de oito anos o
que é o céu?”, na primeira impressão, pensei em falar algo meio racional e
técnico, mas qual diferença faria essa explicação a uma criança?! Então pensei,
para ser algo mais próximo de sua realidade, disse “é o playground dos
pássaros”. Eu gostaria de ouvir essa explicação se tivesse com oito anos. Todos
responderam as suas respectivas perguntas e fomos apresentados ao trabalho da
próxima aula, levar uma caixa de fósforos com terra dentro, algo estranho, mas
que ao ser compreendido por mim, fez todo sentido. A professora falou também
deste trabalho, o diário de bordo, e encerrou a aula. A aula foi tão dinâmica e
produtiva que os 45 minutos de atraso foram esquecidos ao final da tarde.
Dia 17 de julho de 2017
A aula
desta vez não foi do CC Experiência do Sensível, mas sim de Universidade e
Sociedade, ministrada pela professora Fabiana Costa, essa aula me marcou, pois,
o trabalho proposto, tratava de algo que eu amo falar, minha identidade. Fiz
uma apresentação em PPT falando da minha cidade, apresentando algumas fotos,
falando da história do local, a minha história, falei dos meus gostos, mostrei
meus pais à turma, meu cachorro também, o Boris, o que me levou a escolher a
UFSB e outras coisas, no final da apresentação, eu estava sendo ovacionado
pelos colegas, algo que me deixou muito feliz, uma vez que falar do meu lugar a
pessoas com tantas outras histórias torna-se tão prazeroso quanto fora para
Drummond escrever sobre Itabira, MG.
Dia 20 de julho de 2017
A aula começou sem muito atraso,
fizemos novamente um círculo e nos sentamos no chão. A professora Gabi falou de
uma parteira que aconselhava as pessoas a terem contato com a terra, o chão,
pois havia vantagens como: prevenir doenças no assoalho pélvico (UAU). A aula
foi muito legal e leve, levamos a caixa com terra e falamos o que aquela terra
representava para cada um. Houve relatos emocionantes e outros engraçados,
falar do seu lugar amado é algo delicado e ao mesmo tempo prazeroso, segue
abaixo meu texto sobre minha terra:
A terra é sulista, mas
meu coração bate mais forte pela terra do meu sertão.
A
terra que está aqui nesta caixa de fósforos, não é a terra que eu queria
trazer... esta, está muito longe, 480 km nos separam. Na terra longínqua ficou
muitas coisas, desde minha pele quando eu caía, até as marcas dos meus pés no
solo duro e quente da caatinga. Foi sobre essa terra que aprendi a andar,
falar, dirigir, ler e muitas outras coisas que encheriam esta folha de verbos
infinitivos.
Falar
da identidade do meu lugar, é tão difícil quanto descrever a luz a um cego
congênito, há muitas questões e cuidados por trás de tal descrição. É terra de
gente da gente, de pessoas sem nada nas mãos, de um sorriso largo e de olhar
acolhedor. É a terra onde todo mundo conhece todo mundo, se não conhece, basta
falar “é neta de fulana” que está tudo resolvido.
Minha
terra fica no sertão, onde a seca castiga por anos, mas basta uma pequena chuva
para o chão colorir-se de variadas cores. Junto com a chuva, vem à esperança de
um povo que nunca desistiu de lutar por dias melhores, um povo de fé que conta
com a chuva no dia de São Pedro ou as trovoadas no dia de São José. Minha terra
chama-se Baixa Grande, muito baixa no sentido geográfico, mas grande no seu
talento acolher. Assim como Hogwarts, Baixa Grande sempre ajudará aqueles que a
ela recorrem.
Depois
de falarmos da terra, falamos sobre narrativas desta mesma terra, poderia ser
coisas divertidas ou que marcaram, a única objeção era: ser na sua terra. A
minha narrativa também foi expressa em texto, texto este que só lembrei que o
tinha quando a professora falou como seria a proposta da narrativa, segue
abaixo, também este texto:
O mato e seus feitos inimagináveis
Por:
Diêgo M. De Carvalho Assis
Dia 08 de
abril de 2017. Tudo caminhava para ser mais um sábado monótono, sem horário para
acordar. Eis que às 4:20 da manhã, um telefonema acordara toda família Assis. O
espanto foi geral, afinal, quem iria ligar a esse horário? A resposta veio como
o fogo consumindo a cabeça de um palito de fósforo, meu tio ligara preocupado,
Gaúcha, uma vaca de 12 anos, estava passando por complicações no parto, e
precisava com urgência de um veterinário, senão, a velha vaca, partiria deste
plano.
Foi um
verdadeiro furdunço dentro de casa. Ainda com as pálpebras densas de sono,
levantamos e nos pusemos à disposição para salvar a vida daquele ser que fora
meu primeiro presente "de peso". Ligamos para um, dois e três
veterinários da pequena cidade de 22mil habitantes, população inferior à de
muitos bairros da capital, sem sucesso, o desespero já era visível nos rostos
do meu pai e da minha mãe sendo que esta já se encontrava com as bochechas
coradas de preocupação. Às 4:50, partimos, nós três e a esperança para a
fazenda Boa Paz. 5:20, uma hora depois de acordarmos com o susto, nos deparamos
com uma cena lastimável, a vaca estava largada ao chão úmido pelo orvalho, seus
olhos viravam com hesitação, a boca espumava, e sua barriga, encontrava-se 2x
maior do que era de costume, o bezerro estava atravessado. Como se algo
transcendente a toda razão que possa existir neste mundo em crise tomasse conta
de mim, parti em direção a Gaúcha, todos me alertaram para não ir, pois poderia
levar um coice. Mas eu fui. Nunca fui de ouvir conselhos que me poupassem da
dor. Eis que estava somente eu e Gaúcha. Com os braços esticados em posição de
mergulho, penetrei a velha vaca que soltou um mugido de dor e fraqueza, as
patas do animal começaram a fazer movimentos frenéticos, como se pedissem para
que eu saísse dali. Não saí. Como se estivesse com a mão mergulhada em um
caldeirão de água fervente cheio de esponjas, agarrei na cabeça do bezerro, não
havia mais líquido envolvendo-o, girei com todo cuidado clínico até que seu
corpo se endireitasse, neste momento, como uma rolha que salta da garrafa de
champanhe, nasceu Alberto, em homenagem ao santo do dia 08 de abril, com os
braços sujos de sangue e um líquido viscoso, agarrei aquele ser que parecia
precisar de paz. Gaúcha, que há poucos minutos parecia ter a alma sugada do
corpo, retomara a sua vitalidade a ponto de me expulsar de perto da sua cria...
com os olhos rasos d'Água, sair em direção aos 4, com a movimentação minha tia
também acordara, todos inertes, como se alguma aparição sobrenatural estivesse
acabado de passar por eles, ainda com os braços sujos, desabei a chorar, eu,
que não tenho formação nenhuma na área, fiz tal feito extraordinário, com
certeza não fiz sozinho...
Ufa! O
sol já rompera o horizonte e seus primeiros raios alaranjados clareavam nossas
faces, fomos para dentro da casa, sentamos todos em volta de uma pequena mesa
de madeira na cozinha que tem as paredes intumescidas da fumaça do velho fogão
a lenha, tomamos um bom café, e conversamos a respeito do acontecido... em
seguida, tomei banho no pequeno banheiro que fica aos fundos da casa, na volta
para casa, ao entrar no carro, vi a velha Gaúcha que ainda lambia com altivez
aquela vida que, por longos minutos, fora sua sentença, não cumprida, de morte.
Obrigado,
vida, que mais telefonemas como esse nos inquietem.
Após
ler o texto, revivendo cada momento, muitos começaram a falar “qual seu bi”,
“você tem que fazer veterinária”, mas nada feito naquele momento partiu de um
pressuposto que eu queira ser veterinário, este feito inimaginável veio como um
impulso, choque que você toma sem nem esperar e aconteceu... A professora leu
seu relato, contou sobre sua vida e sua época de “piradinha”, foi muito legal
esse momento, em resumo, o dia de hoje foi nota 10. Após o intervalo, voltamos
para a sala, desta vez não para falarmos da terra de forma empírica, mas de
forma técnica, tentamos justificar a coloração de cada terra, o que poderíamos
plantar, falamos da terra do nosso lugar, aspectos químicos e muitas outras
coisas. Encerrou-se a aula, a professora propôs que, para a próxima aula,
levássemos explicações mais concretas sobre a terra em seu aspecto
físico-químico.
Dia 21 de Julho de 2017
Aula do CC Campo da saúde: saberes e
práticas. A aula foi muito legal, tratamos sobre os diversos conceitos de saúde
doença no decorrer das eras. Foi muito interessante pois a linha cronológica da
saúde variou, até certo tempo, como a linha literária, ora Dionisíaca ora
Apolínea, ou seja, variando entre idealização e racionalidade. A aula foi
baseada em perguntas orientadoras, e, no final, o professor Tom dividiu a sala
em grupos, grupos estes que serão responsáveis pela apresentação de um
seminário na sexta feira dia 04/08/2017.
Dia 27 de Julho de 2017
Dia 03 de Outubro de 2017
Dia 10 de outubro de 2017
A aula
das águas. A professora Gabi, assim como eu, não é muito de seguir roteiros com
coisas que são meio que impossíveis. Essa impossibilidade surge a partir do
plano de aula que era “trazer a água do local que você gosta, falar o que tem
nessa água, como as pessoas a utilizam e tal...” muitas pessoas, assim como eu,
teria que se deslocar quilômetros para achar essa água. Ao contrário disso, a
professora propôs que fizéssemos uma busca no Google Earth para visualizarmos o
local e de cada um e contar a história e importância dessa água. O resultado
foi o melhor possível, vimos lugares maravilhosos como os Canyons do Xingó.
Antes do intervalo, a professora propôs que pesquisássemos sobre a bacia
hidrográfica do Rio Cachoeira, e como a população aproveitava esse rio. Foi bem
interessante, pena que a maioria dos alunos foram embora. A aula foi bem
dinâmica, tudo ocorreu bem.
Dia 17 de outubro de 2017
14:13,
o horário em que a professora Gabriela entrou na sala cheia de sacolas e papeis
verdes. Pensei “o que me espera nesta aula de hoje? ”. E a resposta veio como
fogo consumindo pólvora. A professora nos convidou para outra aula diferente,
uma aula ao ar livre. O tema da aula foi “Folhas ao vento”, a tarefa era a
seguinte: Achar uma folha que lhe chamasse atenção e observá-la, depois,
desenhar esta mesma folha e descrever seu movimento. Escolhi a folha da
mandioca pois estava contaminada com uma praga que lhe deixava com a aparência
de um cachorro cheio de carrapatos. Até aí tudo bem, até que foi proposto a
formação de um círculo para que pudéssemos mostrar, com o nosso corpo, o
movimento que a folha escolhida por cada um fazia. Foi complicado, alguns dos
alunos ficaram retraídos e não fizeram os movimentos, tal atitude foi explicada
após uma dinâmica que fizemos, onde cada pessoa interpretou uma personagem,
havia árvore (eu) o vento e as folhas, foi muito legal, nos divertimos à beça.
Eu, enquanto árvore, não podia respirar, já que o tronco que me envolvia era
demasiadamente apertado para abraçar com folga minha barriga (estou rindo disso
agora). Foi bem divertido e, no final, a professora fez um questionamento
interessante, “por que temos dificuldade em soltar nosso corpo? ” E, de fato,
foi difícil se mexer imitando os movimentos das folhas, a preocupação com o que
o outro pode pensar nos impede de desfrutar de uma liberdade que é só nossa. Ao
final dessa breve discussão, a professora propôs que pesquisássemos sobre a
folha que escolhemos, para que ela servia e mais coisas do tipo. Agora, uma
foto minha sendo árvore, a experiência foi
excelente,
agora eu entendi porque elas só respiram à noite... se respirarem a tarde podem
rasgar seu tronco.
Dia 24 de outubro de 2017
Dia 31 de agosto de 2017
Dia 07 de setembro de 2017
Uhul! Um feriado.
Dia 14
de setembro de 2017
Dia 21
de setembro de 2017
OBRIGADO,
PROFESSORA GABI!
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